Vários filósofos ocidentais modernos, de Leibniz a Hegel, escreveram sobre a China e sobre o pensamento chinês, e as principais ideias presentes em tais escritos marcaram até hoje a concepção de “mundo oriental” no ocidente, repercutindo no meio acadêmico-filosófico até a segunda década do século XXI. As interpretações dos filósofos modernos sobre o pensamento chinês podem ser dividas basicamente em dois momentos: o primeiro, no qual se destacam Leibniz e Wolff, é o momento de uma recepção que eu chamo de “positiva” do pensamento chinês; o segundo tem
Herder, Hegel e Schelling como expoentes e é o momento de uma recepção que eu chamo de “negativa”. O primeiro momento corresponde ao período da abertura da China para a entrada dos missionários católicos europeus e se funda, por um lado, nas teorias da “harmonia pré-estabelecida” e do “universo como organismo” de Leibniz e, por outro, na recorrência de Wolff à moral confuciana como exemplo para a possibilidade da existência de uma moral dissociada da religião. Tais ideias surgem e se consolidam nesse período, mas foram reproduzidas posteriormente e
chegaram com vigor até nossos dias. Mapeá-las é o ponto de partida para o início de um diálogo com o pensamento chinês, que ainda está por vir.
A recepção do pensamento chinês na filosofia moderna. O Que nos Faz Pensar
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