A análise da política científica tecnológica no Brasil sempre esteve atrelada à discussão da política industrial. Na década de 70 e 80, o debate girou em torno dos mecanismos complementares de intervenção governamental, que induziriam a emergência de empresas de capital nacional produtoras de novas tecnologias (reserva de mercado, incentivos fiscais, poder de compra do governo) (Bastos e Cooper, 1995). Durante a década de 90, o debate se orientou para a análise das transformações acarretadas pela abertura das economias latino-americanas aos fluxos comerciais, financeiros e tecnológicos internacionais (ver por ex. Tigre, 1993 e Tigre et alii, 2000). Os grandes programas tecnológicos nunca foram motivo de uma grande preocupação por parte das análises feitas sobre política científica e tecnológica no Brasil. Esse tema, entretanto, é muito pertinente para países como este, que possuem intervenções públicas de grande envergadura. Um grande volume de recurso é mobilizado em torno a determinados setores que são considerados como estratégicos. O tipo de política científica e tecnológica mission oriented (Ergas, 1987) teve seu epicentro na década de 70, durante o regime militar. Várias iniciativas no campo nuclear, espacial, militar, aeronáutico etc, alcançaram grandes dimensões durante essa década. Todavia, esta política sofreu muito com a crise dos anos 80, quando reduziu-se o fluxo de recursos públicos destinados a esses programas, mesmo ainda durante o período do regime militar. Depois, a democratização política, a partir de 1985, acarretou perda de prioridade política para as áreas estratégico-militares, que viram decrescer sua parcela no total de recursos públicos.
Avaliação de impactos econômicos do Programa do Satélite Sino-Brasileiro (CBERS)
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